sexta-feira, 20 de junho de 2008

Ausencia Temporaria

Ola Pessoal,

Mudei recentemente para uma nova casa e ainda estou sem telefone e internet. A instalacao so deve ocorrer em cerca de 10 dias, entao devo ficar uns dias sem postar.

Abracos!

Eduardo

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Quarenta e oito dias

Nunca pensei que fosse ficar tão feliz em gastar 3.800 dólares, não sou mulher, e para mim, gastar dinheiro não é sinônimo de felicidade. Geralmente quando eu tenho que desembolsar um valor desses, faço com uma dor no coração, sempre fico inseguro, mas hoje, tão logo recebi a notificação de pagamento, corri para o banco para fazer o depósito. Não pensei, não fiquei triste, não tive dúvidas de se eu realmente deveria gastar esse dinheiro, e, seja qual fosse o valor, ele seria pago do mesmo jeito. Hoje paguei a passagem para trazer minha família para a Austrália.

Há quarenta e oito dias não vejo minha mulher e filhos. Mas o que são quarenta e oito dias perante aos anos em que convivo com eles? Será que um mês e meio longe deles tem tanta importância assim? Só quem tem família e filhos, pode ter uma idéia do que esse tempo representa na vida de uma criança.

Quarenta e oito dias representam, pelo menos, 144 refeições em família que deixei de fazer, representam, no mínimo, 624 abraços e 672 beijos que deixei de ganhar. Nesses quarenta e oito dias, deixei de ouvir “papai eu te amo!” por dezenas e dezenas de vezes, deixei de dar pelo menos 150 sorrisos de felicidade e suspiros de orgulho.

Isso sem falar no que é imensurável! Nesse tempo, deixei de ensinar o meu filho a andar de bicicleta, deixei de estragar ainda mais a minha filha com nossas sessões de guloseimas e filmes até de madrugada. Nesse período, deixei de ver como meu filho evoluiu na leitura das sílabas e palavras, deixei de vê-lo sair de um estágio em que os diálogos são de frases curtas, para contar histórias com todos os detalhes e, principalmente, deixei de estar com ele no dia do seu aniversário. Durante esse tempo, deixei de mimar a minha filha quando ela estava com dengue, perdi sua apresentação no festival do colégio, deixei de dar bronca nela quando o seu boletim veio cheio de notas vermelhas.

Olhando o outro lado da moeda, tive quarenta e oito dias muito intensos. Vividos cheio de emoções, descobrindo novos lugares, conhecendo novas pessoas, culturas, modos de vida. Posso dizer que vivi quarenta e oito dias únicos na minha vida. A sensação de começar sua vida do zero é incrível. Num dia você tem tudo, família, emprego, amigos, casa, carro, etc. no outro não tem nada, só a sua experiência de vida, princípios, valores... Mas por mais que esse período tenha sido muito especial na minha vida, ele nunca foi completo. A sensação de vazio sempre esteve presente.

Não foi só uma vez que declarei a paixão por minha família aqui, nem será a última. Dependo deles para viver e para ser feliz e, espero que, juntos aqui, todos nós possamos ter uma nova experiência que nos ajude a crescer enquanto indivíduos e família. Quanto tempo essa experiência irá durar ainda é cedo para dizer, mas uma coisa é fato, ela só será completa se todos estiverem felizes.

domingo, 8 de junho de 2008

O caro que sai barato

Além do visto, disposição e coragem, se há alguma coisa que você precisa ter quando se está emigrando para a Austrália, essa coisa é dinheiro. Principalmente se você está trazendo sua família e quer montar uma vida estruturada. A quantidade de dinheiro que você precisará investir irá depender da necessidade e estilo de vida de cada um. Se você é solteiro, e está vindo para cá para começar uma vida do zero, sem ter mulher ou filhos, sua realidade é uma, já se você tem uma família estruturada, sua realidade é outra.

Não quero entrar no mérito do custo de vida daqui, e vou resumir esse ponto numa frase: “O custo de vida daqui é maior do que o do Brasil, em compensação você ganha mais e não tem uma série de gastos que temos por lá”. O foco desse post é no custo para se estabelecer por aqui como um residente permanente.

Para facilitar, vou dividir esses custos em dois grupos, pré-viagem e pós-viagem. Considero em pré-viagem todas as despesas advindas da obtenção do visto, preparação para a mudança e viagem para a Austrália. Já na pós-viagem, considero todas as despesas que você tem desde a chegada, até a estruturação da sua rotina em uma moradia permanente. Vale à pena mencionar aqui, que as despesas você vai pagando ao longo do tempo, e não de uma vez só.

Para obter o visto e colocar o pé no avião que irá lhe trazer para cá, você irá gastar pelo menos 5.600,00 dólares americanos, e esse valor pode variar muito dependendo do seu caso. Para facilitar, criei dois cenários, um de um solteiro e outro de uma família com um(a) esposo(a) que não fala inglês e um filho.

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Já daqui é possível notar uma diferença considerável entre os custos de um solteiro emigrando para a Austrália e o de uma família. Infelizmente para nós, pais de família, essa diferença não termina aqui. É importante notar que você paga esse valor ao longo de 18 a 24 meses em média. Para evitar gastar dinheiro à toa, é importante saber se você realmente atende todos os critérios para a obtenção do visto. Por esse motivo, faça uma avaliação detalhada dos passos para reconhecer sua profissão, da pontuação que você obteve e do seu nível de inglês.

Uma vez chegando à Austrália, você se depara com outras despesas que, mais uma vez variam bastante conforme o perfil de cada um. Uma coisa é fato, você tem que trazer dinheiro para se manter por alguns meses por aqui. Isso se dá, pois conforme eu já expliquei em um post anterior, na melhor das hipóteses, você irá levar pelo menos três semanas para começar a trabalhar, o que fará com que você só vá receber seu primeiro salário quando você estiver com quase dois meses aqui.

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Os custos do dia-a-dia e acomodação nos sessenta dias iniciais estão equivalentes entre solteiros e casados, pois considerei a mudança dos dependentes da pessoa que vem com a família somente após seu estabelecimento por aqui. Dentro das despesas acima, considerei que a acomodação é em albergue, que despesa com alimentação fica em torno de vinte dólares/dia, e gastos de dez dólares por dia com internet, pois essa é uma das suas principais ferramentas para buscar empregos. As passagens aéreas são relacionadas a eventuais entrevistas que você vá fazer em outras cidades. Além disso, como solteiro, os custos com moradia são menores, já que você pode dividir apartamento com outras pessoas. Considerei também que quem vem solteiro não precisa de carro, já para quem vem em família, um carro é fundamental. No caso do carro, coloquei o valor de seis mil dólares, o que pode ser equivalente à compra de um carro mais antigo, mas em bom estado, ou ao valor da entrada para um carro mais novo. O fato é que aqui você compra um carro popular zero por treze ou quatorze mil dólares.

Mais uma vez, os custos pós-viagem podem variar muito conforme cada caso, pois tudo irá depender do seu estilo de vida. Aqui você tem a opção, por exemplo, de comprar móveis usados ou novos, o que pode fazer esse valor variar consideravelmente. O mesmo vale para valor do aluguel e eletrodomésticos. Esse valor de dois mil e quinhentos dólares considera apenas a compra dos móveis básicos, como cama, mesa e cadeiras.

Se você é solteiro, precisará investir pelo menos treze mil dólares para emigrar, já os com família gastam pelo menos trinta mil, o que faz com que essa escolha tenha que ser muito bem planejada. A idéia desse post não é desencorajar quem não tem esse dinheiro, afinal eu sei que juntar um valor desses estando no Brasil não é fácil, mas sim dar a vocês uma noção mais próxima da realidade que você enfrentará. Uma coisa é certa, tendo esse dinheiro ou não, uma vez definido que é isso o que você quer para sua vida, os meios para traçar esse caminho são os mais diversos e, se você mantiver o foco e buscar soluções criativas, todo sonho é viável.

Treze ou tinta mil dólares, isso é muito dinheiro para começar uma nova vida?

terça-feira, 3 de junho de 2008

Procurando moradia – Parte II

Escolher o local que você irá morar não é nada fácil, e o fato de você ter chegado a pouco tempo no país e não conhecer nada, não ajuda em nada. A primeira dúvida que vem logo de cara é: Morar próximo do centro ou em bairros mais afastados? Ambos têm vantagens e desvantagens. Morar próximo do centro, por exemplo, lhe dá grande mobilidade, principalmente se o seu meio de transporte for público, mas em compensação custa bem mais caro.

Uma vez tomada sua decisão, sobre morar perto ou longe da cidade, você tem que decidir em que bairros irá pesquisar imóveis, e é ai que começa o problema. Os bairros aqui são bem segmentados, são milhões de opções, em poucos quilômetros quadrados, você acha dois ou três bairros. É diferente, por exemplo, de você dizer que mora na Barra no RJ ou na Aldeota, em Fortaleza. Se a Barra fosse aqui na Austrália, ela seria quebrada pelo menos em oito ou dez bairros diferentes. Quanto você vai pesquisar a lista de localidades, você encontra centenas de opções. Ascot fica na região sul ou norte de Brisbane? Fica perto ou longe do centro?

Uma saída é visitar as imobiliárias ao invés de usar sites de imóveis para fazer a procura. As imobiliárias aqui são especializadas na região que elas estão localizadas. Se você quer morar em New Farm, dê uma volta pelo bairro e visite as imobiliárias da região, que você irá achar várias opções naquele bairro. São dois os problemas dessa estratégia: Primeiro porque você também não conhece todas as imobiliárias nem sabe onde elas ficam, e ficar rodando de ônibus ou a pé não é nada produtivo. Segundo, porque assim, o seu leque de opções fica bem menor, já que você fica limitado a duas ou três imobiliárias que consegue visitar.

Para me ajudar no processo resolvi me abstrair então de nomes de bairros. Na verdade saí perguntando para várias pessoas indicações de bairros e formei uma lista de umas 15 opções. A partir daí usei apenas o realestate.com.au com o seguinte critério: A distância para a city não poderia ser maior do que 15km e eu não poderia pegar mais que uma condução para ir ao trabalho. Uma vez feito isso, passei a configurar as casas no realestate.com.au com o número de quartos e valor que me interessava, sempre dentro dos quinze bairros que tinham me indicado. Com os resultados na tela, eu usava então o Google Maps para calcular a distancia para o centro e o site do Translink (sistema de transporte público daqui) para traçar a rota para o trabalho. Deixei para conhecer os bairros então só quando eu ia fazer as inspeções.

Inspecionar cinco imóveis foi o suficiente para eu achar o local que eu queria morar: uma casa de três quartos, dois banheiros, um lavabo, vaga na garagem, numa vizinhança a 10km do centro e bem próxima de colégios, shopping centers, supermercados, etc. É um imóvel novo (primeira locação) num contrato de seis meses. Acabei achando bom esse negócio de contrato curto, pois se eu não gostar, também tenho a opção de mudar de residência sem maiores complicações.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Procurando moradia – Parte I

Para se estabilizar na Austrália, todo imigrante que vem como residente permanente tem que passar por pelo menos quatro etapas obrigatórias: (1) conseguir dinheiro para emigrar, (2) conseguir o visto, (3) conseguir um emprego e (4) conseguir um local para morar. Até esse momento já superei as três primeiras, faltando apenas conseguir uma moradia, que espero fazer amanhã, pois estou indo assinar um contrato de aluguel numa imobiliária.

As condições para se conseguir uma boa moradia na Austrália podem variar muito conforme a localidade que você está se estabelecendo, principalmente no tocante a valores e concorrência. Mas uma coisa é comum em todas as regiões: os contratos de aluguel aqui são feitos única e exclusivamente para beneficiar os proprietários e imobiliárias.

O problema acontece porque, assim como no Brasil, a lei australiana favorece bastante o inquilino, e como os valores dos imóveis aqui são extremamente elevados, tudo o que um proprietário não quer é, um inquilino que não está pagando o aluguel ou que está destruindo sua residência sem conseguir tirá-lo de lá porque a lei não permite.

Para mitigar esse risco, os proprietários e imobiliárias utilizam dois artifícios: contratos curtos e processo seletivo rigoroso. Diferentemente do Brasil, onde você consegue fazer contratos de dois ou três anos, aqui a duração padrão de um contrato de aluguel é seis meses. O motivo para isso é muito simples, se for para ter problemas com um inquilino, esses problemas só vão durar seis meses. Além disso, como as condições do mercado imobiliário aqui são muito dinâmicas, o proprietário fica com maior poder de barganha na hora de renovar. Se o valor do imóvel valorizou, ele consegue facilmente jogar essa diferença no novo contrato.

É até estranho, mas aqui para alugar um imóvel, você passa por um processo seletivo. Não interessa se você chegou primeiro, se você tem condições de pagar o aluguel, ou se você tem lindos olhos verdes, o proprietário só aluga para você depois que ele analisar seu perfil e gostar dele. Isso se dá da seguinte forma: os imóveis geralmente são anunciados em imobiliárias ou sites como o realestate.com.au. Uma vez que o anúncio é feito, eles marcam um dia específico para a inspeção do imóvel, e, nesse dia, você e mais vários interessados vão lá analisar a propriedade. A inspeção geralmente leva de 15min a meia hora. Os interessados então preenchem um formulário com várias perguntas, onde você tem que informar: quem irá morar com você, sua remuneração, empresa que trabalha, onde morava antes, contato da imobiliária que gerenciava o seu aluguel anterior, contato do síndico (manager) do seu condomínio, referências locais, referências do seu emprego, se você tem bicho de estimação, etc. Uma vez que eles recebem todas as aplicações, elas são submetidas ao proprietário, que então toma a decisão de para quem ele irá alugar o imóvel.

Se você é uma pessoa organizada, tranqüila, paga suas contas em dia, etc. você não terá nenhum tipo de problema para conseguir moradia por aqui. Agora, se você adora fazer festas no seu apartamento, entregou o seu imóvel anterior todo destruído ou não pagou o aluguel em dia, você pode passar por sérios problemas.

Felizmente, mesmo sendo recém chegado do Brasil e sem referências locais anteriores, fui aprovado nas duas aplicações que fiz, mas nem por isso deixei de ficar intimidado pelo processo. Imagina só a situação: você vai fazer uma inspeção numa casa, quando você chega lá no horário marcado, já tem umas dez pessoas do lado de fora esperando. A corretora chega e abre a residência para inspeção. Se você não gosta do imóvel, beleza, você vai embora e não perde mais seu tempo. Agora, se você se encanta com o lugar, a situação fica insuportável! Primeiro porque as dez pessoas não são mais dez, enquanto você está inspecionando a casa já chegaram mais dez, e quando você vê, está fazendo fila para entrar num quarto. Segundo, porque não são vinte pessoas que estão ali contigo, mas sim vinte concorrentes! Em pouco tempo, eles viram seus inimigos mortais. “Ta olhando para minha casa por quê? Sai fora!”. Dali um pouco você está analisando seus concorrentes, fica imaginando se o perfil deles pode ser melhor do que o seu, fica olhando quem pegou o formulário de aplicação. “Porra, aquele cara lá veio de carro e eu vim de ônibus”, “Droga, aquele loirão lá é Australiano, com certeza eles vão dar prioridade para quem é daqui”...

Uma coisa é fato, as imobiliárias querem velocidade, então não perca tempo, gostou do imóvel, aplique! Ficou na dúvida, aplique! Não foi com a cara do seu concorrente e quer tirar a vaga dele, aplique! O problema é depois você gerenciar as imobiliárias que ficam te ligando para fechar o negócio, mas na dúvida, é melhor garantir.