sexta-feira, 14 de março de 2008

Minha grande fonte de inspiração

Adivinhem de quem é essa citação? “Pobre do país que precisa de heróis para defender a dignidade. Pobre do país que precisa de mártires para defender a liberdade ou de mortos para defender a vida.” Está difícil? Deixe-me ajudar. Essa agora veio da mesma pessoa: Uma palavra resume provavelmente a responsabilidade de qualquer governante... E essa palavra é "estar preparado".” Nada ainda? Mais uma chance: “Eu sou filho de uma mulher que nasceu analfabeta”.

Desde que comecei a escrever, para onde olho, vejo algo que valha a pena ser postado. Em diversos momentos na semana me pego pensando: “Hum, bem que eu poderia escrever algo sobre isso...”. Mesmo com tantos temas interessantes, por mais incrível que pareça, tenho uma principal fonte de inspiração. Austrália? Não. Meus filhos? Também não. Nossos problemas sociais? Errou de novo. Assim como o Diogo Mainardi, minha maior fonte de inspiração é o Lula. Mas minha visão não é a mesma do Mainardi, não quero derrubar o Lula e sua turma, quero apenas me divertir com ele. O Lula é a incoerência em pessoa. Tudo que ele fala, principalmente durante seus improvisos e analogias, é incoerente.

O pior é que não criei esse espaço para falar sobre política, embora de vez em quando eu até possa trazer algum ponto de vista sobre isso, esse não é o propósito do blog. Por diversas vezes me vi iniciando um texto e o abandonando em seguida só para não sair do tema central que propus aqui. Mas o que fazer se o cara não para de me dar idéias?

Semana passada eu estava lendo sobre um discurso que ele fez aqui no Ceará e me deparei com a seguinte questão: “Por que é que quando os jornais transcrevem as palavras do nosso presidente, eles não trazem junto os seus erros de português?” Era um pedaço de texto razoavelmente grande, se falado, deveria durar uns 40 segundos, tempo suficiente para ele deslizar no idioma pelo menos umas três vezes. E não havia nenhum erro! Nenhum erro de conjugação, nenhuma palavra mal colocada, nadinha, nadinha! Não consegui entender o motivo pelo qual as transcrições de suas palavras não terem sido trazidas ipsis litteris aos jornais. Para quem acha que estou exagerando sugiro ver o seguinte vídeo:

 

Mas tudo bem, voltando as suas incoerências, nesse pequeno pedaço de texto li a seguinte afirmação quando ele falava sobre a oposição: “...eles não sabem que o nordestino, quando não morre de fome até os cinco anos de idade, é muito difícil de alguém derrubar.” Em seguida veio essa: “... no final do ano passado, derrotaram a CPMF, que era o imposto que a classe média brasileira e os ricos pagavam, porque pobre não trabalha com cheque.”

Acho que é por isso que nordestino morre tanto antes dos cinco anos, pois afirmar que pobre não pagava CPMF é o mesmo que dizer que eles não compravam remédios, comida, roupas, etc. Aliás, isso até explica o porquê que pobre tem tanto filho, pois como eles não pagavam CPMF, também não usavam camisinha e pílulas anticoncepcionais.

 

Para terminar segue algumas pérolas que achei dele após uma simples pesquisa no Google:

“Eu gostaria de ter estudado latim, assim eu poderia me comunicar melhor com o povo da América Latina" (O que ele tentou dizer com isso??)

“A grande maioria de nossas importações vem de fora do país.” (Não diga!!!)

"Se não tivermos sucesso, corremos o risco de fracassarmos." (E o risco é mesmo grande!)


"O Holocausto foi um período obsceno na História da nossa nação. Quero dizer, na História deste século. Mas todos vivemos neste século. Eu não vivi nesse século." (Me dá um pouco disso que você está tomando?)


"Uma palavra resume provavelmente a responsabilidade de qualquer governante.. E essa palavra é "estar preparado"”. (????)

 
Nós estamos preparados para qualquer imprevisto que possa ocorrer ou não." (Fenomenal!)


"Não é a poluição que está prejudicando o meio-ambiente. São as impurezas no ar e na água que fazem isso." (Ah bom!!!)


É tempo para a raça humana entrar no sistema solar." (Fechou com chave de ouro!!!)

quarta-feira, 12 de março de 2008

Freakin’ post

Hoje tive uma aula de inglês diferente. Por fazer aulas sozinho, acabo sendo privilegiado em alguns aspectos. Além de marcar as aulas nos dias e horários que me são mais convenientes, tenho a possibilidade de, em determinados dias, seja por minha vontade ou do professor, simplesmente termos aulas que fogem do script previsto. Hoje foi assim, dedicamos a maior parte da aula para falar sobre palavrões e as melhores formas de evitá-los.

Um dos palavrões mais fortes da língua inglesa é o Fuck. Diferentemente do que vemos nos filmes, o uso dessa palavra nos fuck you EUA, é considerado extremamente pesado para as mais diversas situações. Nos filmes, é normal vermos o uso dela antes de cada substantivo, é fuck para tudo que é lado. Fuckin’ mouse, fuckin’ keybord, fuckin’ blog, fuck everything!! Já na vida real, você será visto com extrema repulsa se usar essa palavra no dia-a-dia. É até aceitável utilizar essa palavra, mas só se você estiver em uma situação extrema, um acidente, roubo, tiroteio etc. Se numa dessas você gritar: “THEY’RE FUCKIN’ SHOOTING AT US!” todos saberão o contexto e entenderão que o momento exigia algo “à altura”. Mas se você está no supermercado, pega uma laranja podre e fala “this fuckin’ orange is rotted!”, eles vão olhar para a sua cara e achar que você é um escroto. O mesmo vale para outros palavrões bem comuns, tais como “ass”, “shit” e “damn”.

O pior é que os filmes acabam nos influenciando ao uso constante desses palavrões. Por diversas vezes já me vi pensando e elaborando frases com fuckin’ no meio. Para evitar ser visto como um escroto, você pode usar diversas palavras que são similares aos palavrões. Falar fuck não pode, já freak pode. No supermercado então não fale “fuckin’ orange” fale “freakin’ orange" e está tudo resolvido. O mesmo vale para “damn”. Ao invés de usá-lo, use “dang”. “This damn car is not working” não pode, agora: “This dang car is not working” pode. Para “ass” é mais simples, basta usar “A”. Não fale “fuckin’ ass” fale “freakin’ A”. E para “shit” use “crap”.

O mais engraçado de tudo isso é que, o significado não tem a menor importância, o que vale é a palavra que usamos para chegar até ele. O uso de uma palavra completamente similar a um palavrão, com a mesma entonação e significado é aceitável, mude duas ou três letras e mantenha o que você quer dizer, que você põe tudo a perder. Mandar alguém para a puta-que-pariu é uma coisa, mandá-lo para a ponte-que-partiu é outra! Imagine só a situação: Você está em um jantar de família, comemorando os 90 anos da sua vovozinha, todos reunidos à mesa, quando você levanta e diz: “com licença que preciso ir ao toalete”. Perfeitamente normal. Todos continuam a comer tranquilamente, como se nada tivesse acontecido. Agora, ao invés de dizer isso você fala: “com licença que preciso dar uma cagada”. Sua tia logo grita: “ai que horror! Que menino mal educado”, seu priminho pentelho começa a rir e reproduzir a cena espremendo purê de batata pela boca, a sua priminha patricinha faz cara de nojo e começa a vomitar em tudo... Olha a confusão!

O legal do palavrão é que ele traduz de forma direta todo o seu sentimento, e por incrível que pareça, ele possui até um efeito anestésico! Uma coisa é você pisar em um prego e dizer: “ai ai ai ai meu pé!”, outra coisa é você encher o peito e soltar “puta-que-pariu caralho! prego filho da puta da porra!!!”. É como 50% da dor fosse embora de uma hora pra outra, a sensação de alívio é muito maior!

cursingNo final, para mim “freakin’ orange” acaba sendo a mesma coisa que “fuckin’ orange”, assim como “dang car” é a mesma coisa que “damn car”. A mensagem é a mesma, o importante é a forma usada para passar o que você deseja. Essa forma irá sempre variar conforme o contexto no qual você está inserido. Não me imagino dizendo a uma freira: “shut the fuck up”, já para o meu priminho pentelho do exemplo acima....

sexta-feira, 7 de março de 2008

Bebezinho do papai

A cada dia que passa fico mais apaixonado pelo meu filho. É impressionante, de todas as fases que passei com ele, a atual sempre é a melhor. É nítido o processo de desenvolvimento de uma criança, no começo ficamos mortos de orgulhosos com ações muito simples, como um sorriso nos primeiros meses de vida, aos seis meses voltamos a ficar orgulhosos a vê-los sentar, depois voltamos a nos empolgar com as engatinhadas, primeiros passos, corridas etc. No começo o desenvolvimento passa muito pela questão motora, depois vem a comunicação, em seguida a curiosidade e agora estamos na fase das tiradas, que são cada vez mais incríveis.

Nesses dias foram duas sacadas seguidas. Ontem quando cheguei em casa do trabalho, ele estava todo empolgado brincando de Lego. Tinha acabado de construir o que me parecia ser um carro, estava morto de contente empurrando aquela coisa, gesticulando, fazendo barulhinhos, bruuum, bruuum, bruuum, iiiiiiiiiiiihh! Não demorou muito e veio o pedido: “Papaaaai, vem brincar comigo?” Sentei do lado dele e comecei a me entrosar na brincadeira. Quando percebi, lá estava eu, morto de empolgado, juntando as peças e tentando chegar a um resultado. Com tanto empenho consegui montar um tanque de guerra, com várias rodas, base articulada, cabine para colocar um bonequinho, sirene de polícia, reboque para puxar outros carrinhos etc. “Pronto Caio! Acabei de montar o meu! Fiz um tanque!”. Ele olhou para o tanque... olhou para o que ele chamou de carrinho... olhou para o tanque de novo e soltou: “Papai, olha que carrinho lindo que eu fiz para você!”. Correu, arrancou o tanque da minha mão e deixou o carrinho no lugar!

A segunda veio de uma situação completamente diferente. Nossa televisão deu problema esses dias, o que está fazendo com que ele tenha que brincar bem mais do que o usual. Eu particularmente estou adorando essa situação, a casa fica bem mais tranqüila, conversamos e lemos bem mais que o normal, as crianças brincam mais.... Enfim, estávamos discutindo se não seria melhor ficarmos logo sem TV (experiência que já tivemos no passado). Quando ele ouviu, reclamou na hora: “Ah não! Assim eu nem vou mais ver meus desenhos!”. Fui explicar para ele que brincar era muito mais saudável que assistir televisão, que quando ele brincava ao invés de só ver desenhos, ele estimulava a criatividade, ficava mais inteligente, melhorava a coordenação motora etc. Lá veio então a pergunta: “Papai, se brincar é tão bom, por que então que no colégio não é só brincadeira?”. Pronto! Matou meu discurso!

Quando chega a hora de dormir fico brincando com ele, dizendo que ele tem que continuar sendo “pequenininho” para sempre, para eu cuidar dele, pegar no colo etc. Fico dizendo que não quero que ele cresça para eu curtir mais cada momento. Quando vejo, de um lado quero que ele sempre seja meu bebezinho, do outro, acabo curtindo cada nova conquista, cada novo aprendizado, ficando mais orgulhoso a cada dia. Vai entender! Vai ver que é por isso que minha mãe ainda me vê como seu bebezinho...

terça-feira, 4 de março de 2008

Histórias de ninar

Há cinco anos nove meses e vinte e seis dias coloco meu filho para dormir. Desde que ele nasceu tenho cumprido esse ritual diariamente, desde seus primeiros dias de vida até hoje. Sempre coube a mim o privilégio de desfrutar desses momentos únicos de isolamento e cumplicidade. Por mais que minha mulher sempre me ajude durante minha ausência, faço questão de ter esse momento com ele todos os dias.

DSC00322Para mim, essa hora é uma das mais mágicas numa relação entre pai e filho. É nesse momento que potencializamos a intensidade de nossa relação, aproveitamos todos os segundos disponíveis para termos um espaço só nosso, para compartilharmos sonhos, experiências, carinhos, chamegos... Percebo que a hora de dormir é muito especial para uma criança. Esse é um dos únicos momentos do dia que eles conseguem desacelerar e trabalhar única e exclusivamente com a imaginação. Por mais que eles a usem durante todo o dia em seus inúmeros desenhos, brincadeiras, atividades escolares, etc. é na hora do sono que eles param, fecham os olhos, relaxam o corpo e trabalham somente com as imagens que saltam a sua mente.

É impressionante o quanto uma simples historinha de ninar pode mexer com suas emoções nessa hora. É lindo vermos o sorriso nos seus rostos quando abordamos um tema mais engraçado, ver como eles seguram as mãos próximas a boca em momentos de suspense, ver seus olhares empolgados na hora que a historia começa a crescer, e como eles escondem sua cabeça em baixo do travesseiro durante seu desfecho.

Ultimamente tenho experimentado não só contar as histórias para ele, mas envolvê-lo na criação. Geralmente eu entro com a trama e narro os acontecimentos, deixando para ele a função de inventar as personagens e suas características. É espantoso como pequenos estímulos são suficientes para deixar sua mente ir longe, se envolver totalmente na história, saltar na cama de excitação, pulando de alegria ao descrever os movimentos de seus personagens e como eles reagem em determinadas situações.

Por mais incrível que esse momento seja, é nele que percebo o contraste envolvido na criação de nossos filhos. É nessa hora DSC00164que vejo como sua pureza e inocência podem se tornar suas maiores vulnerabilidades. De um lado suas maiores virtudes, do outro sua maior fragilidade. Como evitar que tanta pureza não seja contaminada por nossos vícios? Como fazê-los esquivar de nossos temores? Como retratar a decadência de nosso mundo sem causar-lhes medo?

Infelizmente não posso negar que nós adultos somos os principais responsáveis por podar sua imaginação, somos nós que inibimos seu potencial, e, mesmo de forma inconsciente, acabamos limitando suas visões ao que conhecemos e acreditamos. Enquanto isso não acontece, eu vou curtindo o momento, vou continuar viajando com ele em nossas historinhas, continuar com meu sorriso de pai coruja enquanto ele inventa seus heróis imaginários e pula de alegria, desfrutando assim de mais um momento mágico que temos ao sermos pais.