Esta semana estamos passando por uma situação atípica. Nos últimos cinco dias tivemos três tempestades bem fortes. O saldo disso são centenas de casas com telhados arrancados, mais de 230 mil residências sem energia e cerca de 14.500 acionamentos de seguro, estimados em 125 milhões de dólares australianos.
O primeiro dia de tempestade foi no domingo, estávamos na estrada retornando de uma viagem. Estava um dia parcialmente nublado com algumas nuvens negras no céu. Em questão de minutos fomos surpreendidos por uma imensa camada de nuvens, com muita chuva, raios e ventos extremamente fortes, parecia coisa de filme. Paramos o carro e aguardamos por cerca de 40 minutos, pois não havia como dirigir naquelas condições, e ficamos então assistindo o espetáculo
Para minha surpresa, quando chegei ao trabalho na segunda-feira e abri os sites de notícia, me deparei com a seguinte manchete: “Queensland tem sua pior tempestade em 25 anos”. O assustador é que a conclusão não foi dada pelo volume da chuva, mas sim pelo nível de destruição causado (calculado pela ENERGEX empresa de energia do Estado). A cena se repetiu novamente na noite de quarta e quinta-feira, causando dessa vez novos estragos à região. A tempestade de ontem, por exemplo, teve mais de 3000 raios e ventos de 90 km/h.
O interessante de passar por uma tempestade como essa na Austrália, é notar as diferenças entre o que vivenciamos aqui contra o que víamos no Brasil. Aqui temos tempestades de raios, literalmente falando. Vi mais raios nesse último mês do que em toda a minha vida no Brasil. Chega a ser bonito de assistir, e isso é o que eu, além de vários outros australianos, tenho feito nesses últimos dias. Tempestades dessas durante o dia não têm graça, mas à noite o céu vira uma discoteca, onde os efeitos sonoros ficam por conta dos trovões e o visual por conta dos raios. Você olha para o céu e vê literalmente um show de luzes, com diversos raios sendo lançados em questões de segundos.
Outro ponto interessante diz respeito à infra-estrutura. Houveram sim, vários casos de casas e postes destruídos, mas apesar disso, a infra-estrutura básica sustentou muito bem o volume de vento, água e raios. Após uma tempestade como esta, em Fortaleza, por exemplo, o caos ficaria instaurado, com ruas alagadas, bueiros transbordando, crateras nas ruas, pessoas desabrigadas etc. Aqui, as más notícias só foram vistas por mim nos noticiários, fora isso a cidade parecia estar seguindo o seu curso normal. A previsão diz que virão tempestades mais fortes adiante, espero que nossa infra continue agüentando firme.