segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O maior desafio somos nós mesmos

Quando passamos por uma mudança como essa, notamos que existem alguns fatores que asseguram a sua adaptação e o estabelecimento da sua nova vida. Além dos elementos que suportam diretamente a saúde, educação e segurança da sua família, tais como um bom emprego, moradia, um bom colégio para seus filhos, etc. um dos fatores que têm papel fundamental nesse processo são as pessoas.

Não estou falando aqui dos membros da família (esposa e filhos), mas sim das pessoas com o qual você convive no seu dia-a-dia, seja no ambiente de trabalho ou pessoal. O interessante desse ponto de vista é que, muitas vezes a ajuda vem de pessoas que você mal conhece, ou que, embora conheça, não faziam parte de sua vida há alguns meses atrás.

Acredito que não preciso citar aqui que o apoio da família e das pessoas que o amam é indispensável. Até hoje me impressiono quando falo com meus pais e os ouço dizer para continuar batalhando por aqui. Será que um dia terei coragem de falar o mesmo para os meus filhos, em vez de implorar que eles voltem para baixo das asinhas do papai?

Ao chegar num lugar desconhecido, por mais auto-suficiente que você seja, em algum momento você cai na realidade e vê que é preciso se inserir em algum tipo de contexto. O mais natural nessa hora é você buscar aquele no qual está mais acostumado, ou seja, o contexto dos brasileiros. Não sei se pela barreira do inglês, que não permite que você tenha a mesma espontaneidade que tem com o português, ou se por própria afinidade mesmo, mas as pessoas que mais nos apegamos aqui são brasileiras.

É muito bom estar perto de pessoas que estão passando ou já passaram aquilo que você está vivenciando. É como nascesse na relação uma sensação de parceria, no qual todos estão no mesmo barco, ajudando e sendo ajudados. Quando percebemos, nos vemos quebrando todas as barreiras e receios que tínhamos no Brasil. Trata-se de solidariedade pura, e como em toda relação, que gira em torno de interesses, nestes casos, notamos sempre a presença de interesses saudáveis. Vejo pessoas nos ajudando pelo simples fato de terem sido ajudadas no passado, gerando assim um ciclo de colaboração.

Num clima desses não podíamos deixar de encontrar pessoas que nos tocam, que nos fazem sentir completamente a vontade, mesmo as conhecendo há tão pouco tempo. Essa experiência começa a mostrar então outros lados positivos, lados que estavam estagnados há bastante tempo, num ambiente no qual já tínhamos certo conforto sobre nossas relações e estrutura emocional.

As condições básicas para um estrangeiro se estabelecer na Austrália já são dadas. Moro hoje num país que vivencia uma economia de pleno emprego (com taxa de desemprego entre três e 4%), com uma excelente distribuição de renda, com um ótimo sistema de saúde e ensino públicos, com um governo que atua ativamente em prol do cidadão, etc. Se essas condições básicas já são dadas, cabe a você então romper suas barreiras e limitações para se inserir no mercado de trabalho e no contexto social. Se você conseguir superar ambos os desafios, sua chance de ter sucesso na mudança se eleva consideravelmente.

5 comentários:

Unknown disse...

A gente sempre ouve falar que quando dois brasileiros desconhecidos um do outro se encontram em um outro país é como se fossem amigos desde criancinha. É importante sim, primeiro identificar as intenções de cada um, depois contar com o apoio dessa integração. É nos momentos de dificuldade onde os verdadeiros amigos aparecem.

Abraço,

Fabio Hemylio

Anônimo disse...

Faço do Fábio as minhs palavras. Take care but go ahead! Tente entrar de cabeça na aculturação da sua cultura! Sempre buscando se expandir e se incluir na cultura do país. Tenho amigos de outra cultura (norte americanos e australianos) que se tornaram os meus melhores amigos. E me fizeram sentir muito bem quando não estava no meu país. Me senti em casa! Uilson

Malu disse...

Duda e Ana Paula, obrigada por todo apoio e ajuda que tem nos dado desde que chegamos e podem contar conosco tambem.

Lourdes e Nei

Unknown disse...

Excelente esse teu post, Eduardo... traduz com precisao o que acontece nos primeiros meses de Australia no que diz respeito a ajudar e ser ajudado...

Estou acompanhando um forum no Orkut onde estavamos discutindo um assunto semelhante: o brasileiro eh cobra ou eh de bom coracao? Nao ha uma resposta certa para essa pergunta, afinal, gente boa e gente ruim existe em todos os paises, e de todas as nacionalidades...

Porem, apesar de ja ter conhecido brasileiros por aqui cuja maior preocupacao eh ostentar um status que nao possuem, tambem fiz alguns grandes amigos... e, coincidencia ou nao, sao pessoas que compartilham um comportamento em comum: ajudar sem nem sequer pensar em receber algo em contra-partida... Esses sim sao brasileiros que nos deixam orgulhosos...

Buenas, no mais, estarei por ai em breve... ja avisei a Lourdes e o Nei pra colocarem mais agua no feijao, pois dia 22/12 estou chegando ai heheheh...

Grande abraco e ate breve!

Anônimo disse...

Amigos, adorei ler este post pq eh a nossa cara. Ja estamos virando uma familia!!
Bjs,
Maira.