quarta-feira, 2 de julho de 2008

Dez dias de muita emoção

Após dez dias da chegada da minha família na Austrália, posso dizer que a mudança está concluída, mas a imigração não. Esses dez dias iniciais foram uma boa amostra do que iremos vivenciar nos próximos meses: emoções atrás de emoções.

Excitação, empolgação, insegurança, saudades, felicidade, tristeza... todos os sentimentos estiveram presentes em nosso dia-a-dia até agora, variando apenas de pessoa para pessoa, de momento para momento.

O meu estado emocional desde a chegada deles não tem variado muito, no máximo varia entre a euforia de quando estou com eles e a ansiedade de voltar logo para casa durante o trabalho. Quando estou com eles o sentimento não podia ser melhor, quando estou sem eles, no trabalho, não vejo a hora de correr de volta para casa para curtir um pouquinho mais da vida em família. Por mais que eu passe todo o meu tempo livre com eles, ele nunca é suficiente.

A situação não muda muito quando falamos do meu pequenininho. Ele está sempre feliz. Assim como tudo que acontece na vida de uma criança de seis anos, até agora tudo tem sido festa. Ele está adorando as pequenas diferenças, gosta de ver os carros bonitos, gostou de ter uma nova casa, um novo quarto, um novo carro. Todo novo objeto é motivo para brincadeira e festa. Até esse momento ele tem reclamado muito pouco, foram poucas as vezes que ele disse que tinha saudades, e, na maioria das vezes ela estava relacionada a falta dos seus amiginhos ou priminhas.

Não posso dizer o mesmo das mulheres da casa. No caso delas, existem mais oscilações entre sentimentos positivos e negativos. Não que elas não estejam gostando ou infelizes, mas sentimentos como insegurança, no caso da minha esposa, ou saudades, no caso da minha filha, se fazem presentes com certa freqüência.

No caso da minha esposa, diferentemente do que acontece com as crianças, a novidade nem sempre é festa. É ruim para ela, por exemplo, ir ao supermercado e ver vários produtos diferentes, numa variedade absurda e num idioma que ela conhece pouco. Não é tão fácil ter que se virar durante a maior parte do dia com duas crianças nas costas numa cidade completamente desconhecida. O tempo que passei só aqui fora muito mais fácil, pois onde quer que eu estivesse ou fosse, a única preocupação era comigo mesmo. Não havia problema nenhum, por exemplo, em eu ficar perdido por duas horas antes de achar o caminho de casa.

Já para minha filha a realidade daqui é bem diferente do que ela vivenciava no Brasil. Enquanto estava por lá, aos treze, seu maior prazer era estar no meio da molecada, fazendo festa, comentando as últimas novidades da turma, indo para as festinhas e curtindo seus paqueras. De uma hora para outra essa realidade mudou, não mudou para algo pior, mas mudou para algo que ela já tinha no Brasil, vida em família. Até agora para ela, fora a beleza do lugar, a organização e sensação de segurança, algo que um adolescente não valoriza tanto, foram poucas as coisas que esse país veio a agregar.

Tanto no caso dela como o da minha esposa, os maiores benefícios devem vir no médio prazo, com o passar dos meses e com o processo de adaptação concluído. Mas, mais uma vez, não posso dizer que elas estão tristes ou insatisfeitas, pelo contrário! Por mais trabalhosos que tenham sido esses dez dias iniciais, a chegada por aqui aliada a construção de uma nova vida tem sido bem empolgante para todos nós. Ainda é cedo para dizer qual será o resultado dessa experiência, mas posso dizer que até agora tudo tem estado dentro do esperado. Por mais que saibamos que não podemos planejar emoções e comportamentos, sabemos que esses momentos de conflitos estarão presentes durante toda a nossa estadia por aqui, seja ela de seis meses, um ou dez anos.

3 comentários:

Anônimo disse...

Fico tão feliz em ler isso!! Estive realmente muito ansiosa pela adaptaçao dessa minha amiga! Mas ela ja deve estar amando..só que nao vai admitir tao facil! Bjossss ...to morrendo de saudades de todos!

Julio Falcao Viana disse...

Cara,
A Nivea e eu ficamos muito felizes ao ler o e-mail da Ana Paula e esse seu último post.

As palavras de vocês têm transmitido um sentimento de felicidade que contagia.

Que Deus continue a abrir as portas e iluminar o caminho de vocês!

Estamos felizes por vocês.

Abração em todos!

Unknown disse...

Completando o que o Julio disse: muito mais empolgante do que ler é ouvir o tom de voz de vocês quando a gente conversa. É notável a empolgação e a felicidade da família agora reunida experimentando toda essa nova realidade. Vocês nem imaginam o quanto isso empolga também quem tá aqui em tempo de perder o juízo esperando esse visto que não sai! hehehe :)

Abração!