quarta-feira, 11 de junho de 2008

Quarenta e oito dias

Nunca pensei que fosse ficar tão feliz em gastar 3.800 dólares, não sou mulher, e para mim, gastar dinheiro não é sinônimo de felicidade. Geralmente quando eu tenho que desembolsar um valor desses, faço com uma dor no coração, sempre fico inseguro, mas hoje, tão logo recebi a notificação de pagamento, corri para o banco para fazer o depósito. Não pensei, não fiquei triste, não tive dúvidas de se eu realmente deveria gastar esse dinheiro, e, seja qual fosse o valor, ele seria pago do mesmo jeito. Hoje paguei a passagem para trazer minha família para a Austrália.

Há quarenta e oito dias não vejo minha mulher e filhos. Mas o que são quarenta e oito dias perante aos anos em que convivo com eles? Será que um mês e meio longe deles tem tanta importância assim? Só quem tem família e filhos, pode ter uma idéia do que esse tempo representa na vida de uma criança.

Quarenta e oito dias representam, pelo menos, 144 refeições em família que deixei de fazer, representam, no mínimo, 624 abraços e 672 beijos que deixei de ganhar. Nesses quarenta e oito dias, deixei de ouvir “papai eu te amo!” por dezenas e dezenas de vezes, deixei de dar pelo menos 150 sorrisos de felicidade e suspiros de orgulho.

Isso sem falar no que é imensurável! Nesse tempo, deixei de ensinar o meu filho a andar de bicicleta, deixei de estragar ainda mais a minha filha com nossas sessões de guloseimas e filmes até de madrugada. Nesse período, deixei de ver como meu filho evoluiu na leitura das sílabas e palavras, deixei de vê-lo sair de um estágio em que os diálogos são de frases curtas, para contar histórias com todos os detalhes e, principalmente, deixei de estar com ele no dia do seu aniversário. Durante esse tempo, deixei de mimar a minha filha quando ela estava com dengue, perdi sua apresentação no festival do colégio, deixei de dar bronca nela quando o seu boletim veio cheio de notas vermelhas.

Olhando o outro lado da moeda, tive quarenta e oito dias muito intensos. Vividos cheio de emoções, descobrindo novos lugares, conhecendo novas pessoas, culturas, modos de vida. Posso dizer que vivi quarenta e oito dias únicos na minha vida. A sensação de começar sua vida do zero é incrível. Num dia você tem tudo, família, emprego, amigos, casa, carro, etc. no outro não tem nada, só a sua experiência de vida, princípios, valores... Mas por mais que esse período tenha sido muito especial na minha vida, ele nunca foi completo. A sensação de vazio sempre esteve presente.

Não foi só uma vez que declarei a paixão por minha família aqui, nem será a última. Dependo deles para viver e para ser feliz e, espero que, juntos aqui, todos nós possamos ter uma nova experiência que nos ajude a crescer enquanto indivíduos e família. Quanto tempo essa experiência irá durar ainda é cedo para dizer, mas uma coisa é fato, ela só será completa se todos estiverem felizes.

9 comentários:

Anônimo disse...

Oi Eduardo, lindo texto, parabéns pela conquista! Que ótimo que esteja curtindo a nova vida.

Abraços,
Erica

Marcus Morynse - Austrália 2008: Vivendo um Novo Tempo! disse...

Tenho acompanhado seu blog alguns dias, pois estarei indo para Brisbane na próxima semana, e suas informações me foram muito úteis. Bem, fico imensamente feliz por sua família estar indo fazer-te companhia, e que sejam muito felizes nesta nova fase. Abraços!!!

Eduardo Bindi disse...

Obrigado!

Se tiverem alguma curiosidade ou sugestão, basta avisar que posso fazer um post sobre isso.

Abraço!

Eduardo

Anônimo disse...

Meu amor, lindo texto, fiquei emocionada, saiba que você também é muito importante em nossas vidas, e que tirei a sorte grande no dia que te conheci.

Te amo muito.

Ana Paula Bindi

Anônimo disse...

Agora eu que pergunto: quantos dias vou ficar sem ver minha irmã, meus sobrinhos e meu cunhado? Boa sorte para vocês!!! Já estou planejando minha ida, no momento só para férias...
Fabiana

Eduardo Bindi disse...

Pois é, não sei quanto tempo, no mínimo seis meses.

Mas você sabe que sempre será muito bem vida na nossa casa, seja no Brazil ou na Austrália. Principalmente se estiver com o Ruanzin...

Bj.

Eduardo

Unknown disse...

Olá Eduardo!!
Conhecemos seu blog através de colegas seus de TI de Fortaleza. Meu marido foi fazer palestras lá num encontro que aconteceu nesta última semana e falaram de vc.Estamos indo para Sydney em agosto provavelmente e está sendo muito útil a sua visão de tudo paranós, pois também temos filhos(3 pequenos) e uma vida estruturada!!
Gostaríamos de ir para Brisy, é o nosso propósito!!
Sucesso!!
Daniele Paim e Edvaldo Alessandro Cardoso

Anônimo disse...

Já abandonou mesmo o país...tá até escrevendo Brasil com Z!! Hehehhe...bjos!!

Mariangela Bindi disse...

Esse é o meu garoto!
Lindo demais esse seu amor pela família. Não tenho dúvidas que se todos tratassem a famíla (principalmente o núcleo familiar) com esse amor e carinho o mundo seria melhor.
É o melhor alimento para que crianças se desenvolvam com saúde física e emocional. Por isso é que tenho netos maravilhosos.
E não preciso dizer que vou sentir muitas saudades dessa família íncrível.
Te amo muito,
sua mãe.