quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Ser pai é padecer no paraíso

Uma das tarefas mais difíceis dessa mudança esta sendo lidar com a adaptação da Ana Carolina. Como toda adolescente, ela está numa fase muito difícil. A adolescência por si só já seria difícil se estivéssemos no Brasil, imagine aqui depois dela perder tudo o que é mais valorizado por um adolescente, sua turma de amigos.

Como todo pai, vejo essa fase como desafiadora não só para o filho, mas também para nós. Nesse período que se estende por anos, vivemos constantemente entre a linha da rebeldia e sua capacidade de discordar e questionar tudo, e a da formação da personalidade. Nessa hora é comum ouvirmos coisas como "a vida é minha e eu faço dela o que eu quiser" para depois de cinco minutos ouvir "Duda, me dá dinheiro para eu ir ao shopping?". Por um lado os adolescentes já estão se firmando e "sabem" muito bem cuidar de suas vidas sozinhos, pelo outro, eles não vão a esquina sem precisar de você.

Ser pai é tentar ponderar ao máximo esse momento, pois ao mesmo tempo não podemos inibir essa vontade deles buscarem a sua independência, mas também não podemos negligenciar a direção para qual essa "independência" os está levando. Cada pai nessa hora adota a sua estratégia para assegurar que essa direção não seja apontada diretamente para "lado negro da força", eu, particularmente, tento seguir a linha da relação aberta e da reflexão. Faço isso por reconhecer que, infelizmente (ou felizmente), os pais são só um dos vários elementos que influencia o desenvolvimento dos filhos, e com essa abordagem eu espero que, caso eles resolvam adotar um conselho, que isso aconteça por escolha e não por ordem ou intimidação.

Apesar difícil, pois não há nada pior que ver seu filho sofrendo, essa fase está tendo seus pontos positivos. Assim como em todo momento de crise, é nessa hora de pararmos, avaliarmos nossa situação e refletimos sobre as oportunidades de image crescimento que crise proporciona. Se estivéssemos no Brasil, provavelmente não teríamos tido uma série de reflexões e conversas que tivemos até agora. Não tenho dúvidas que ao final todos terão ganhado muito com isso, e, enquanto isso não acontece, continuarei aqui aprendendo com meus filhos e curtindo este grande desafio de ser pai.

Como minha mãe dizia: “Ser mãe é padecer no paraíso...”

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