quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Carnaval 2008

Mal acompanhei o carnaval carioca esse ano. Normal. Por mais lindo que seja e, mesmo eu sendo carioca, nunca acompanhei os desfiles das escolas de samba. Sei que sou Mangueira, não me pergunte o porquê. Torço para essa escola, assim como para o Flamengo, também não acompanho futebol. Acho que apenas adotei o padrão de todos os cariocas.

Uma coisa que me chamou atenção esse ano foi a importância dada as atrizes globais que desfilam como rainha da bateria. A impressão que tive é que o destaque dado a elas foi maior que o dado aos desfiles propriamente ditos. Não tenho a menor idéia de qual o enredo deste ano da Grande Rio, mas sei que a Grazi brilhou como rainha da bateria. É impressionante! A opinião dela sobre o desfile da escola é mais importante do que a dos carnavalescos e especialistas mais renomados do Brasil. Sempre que eu abria os sites de notícia durante o carnaval, raramente via manchetes como “Samba-enredo da Beija-Flor aborda Angola e empolga o público”, mas manchetes como “Passista usa tapa-sexo de 4cm” ou “Ex-BBB estréia como rainha da bateria” estavam sempre lá. Abriram mão de abordar a importância do tema e do folclore brasileiro para falar que a Luiza Brunet continua linda aos 45!

Não sei se sou eu que estou ficando velho aos 30 anos, ou se a futilidade que está cada vez mais presente na nossa sociedade. De vez em quando me pego lendo “Aline Moraes termina com Sérgio Marone” ou “Cachorro da Suzana Vieira é atropelado”, porra! Que merda é essa? Para que diabo estou perdendo meu tempo com isso? É como se fosse um negócio contagioso, se você não se policiar você entra totalmente no esquema e se pega discutindo com seus amigos que um BBB assumiu sua homossexualidade durante o programa, que as celulites da Daniella Sarahyba foram mostradas na praia ou que a Britney Spears foi flagrada de novo sem calcinha!!!!

Um exemplo claro disso é a “grande fase” que a música brasileira e mundial vem passando. Minha mãe cresceu ouvindo Beatles e Chico Buarque, na minha época eu ouvia Legião Urbana e Pink Floyd, hoje meus filhos escutam Tati Quebra Barraco e Paris Hilton! E o pior é que vende muito, muito mais que os verdadeiros artistas que buscam criar algo realmente de qualidade. A culpa é do povo? Não sei, mas acho que acabamos sendo influenciados por quem promove essas bandas ou notícias. Num dia temos três moleques desafinados e muito sem graça morando na casa dos pais, no outro temos o KLB estourando em todo o Brasil, atraindo milhões de fãs justamente porque um empresário resolveu promover seus sobrinhos como astros da música. É um negócio intuitivo, somos bombardeados com a presença dos caras na internet, televisão e rádio e acabamos aceitando a nova sensação do Brasil.

O mesmo acontece com as notícias, se ao abrirmos um portal vemos várias notícias espalhadas pelo site, qual que intuitivamente iremos ler? As que estão em letras garrafais bem no centro da página! Assim, deixamos de ler sobre a farra dos cartões de crédito no Governo Federal para ver a Sabrina Sato desfilando de biquíni em Ipanema. Vocês já acompanham o portal da Folha Online? Se entrarem no site verão que há um ranque das notícias mais lidas do dia. Adivinhem qual a coluna que está sempre entre as TOP 5? A Zapping – coluna de fofoca do portal.

Acho realmente que vou resolver ficar velho aos 30, assim posso simplesmente adotar os discursos do meu avô e dizer: “É... não se fazem mais bandas de rock como antigamente...” ou então “na minha época o carnaval não era assim não...”.

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