quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Once you’re skydiver you’re always a skydiver

tr Existem poucas coisas na vida que você nasce sabendo que tem que fazer, saltar de um avião com um pára-quedas nas costas foi uma delas para mim. Embora todos já tenham visto várias cenas de pára-quedismo em filmes de ação ou em programas de esportes radicais, poucos são os que realmente têm noção do que trata o esporte. Não é por menos, como vou exigir que um pobre mortal tenha idéia do que é se jogar em um vazio de quatro quilômetros, com um sorriso no rosto e rezando para que esse momento dure o máximo possível? Vocês dirão: “Você é louco!”. Sou sim, e quem não é?

A verdade é que você precisa se tornar um pára-quedista para realmente ter idéia do que se passa nesse mundo. Quem está de fora geralmente tem uma visão míope dos acontecimentos e se limita a perguntar: você pagou 100 reais por 60 segundos de salto?

Skydiving é muito mais que isso. Muito mais que sessenta segundos de queda. É já acordar “adrenado” só de saber que vai saltar naquele dia; é andar nas ruas sempre procurando eventuais áreas de pouso; é sentar na saída de emergência de um vôo comercial e ficar imaginado o que aconteceria se você abrisse aquela portinha; é chegar na área e dobrar o seu pára-quedas, tirando sarro com a dobragem dos outros, brincando com os “mondrongos“ que neguinho soca dentro das bolsas; é ver o coração disparar só em começar a se equipar para o salto, e, segurá-lo para não sair pela boca ao ver que o avião entrou na reta final de lançamento; é ouvir a explosão do vento ao colocar a cabeça para fora do avião; é superar as leis da física voando e fazendo formações durante a queda livre; é olhar para cima e ver um repolho de tecido contorcido se transformar na asa que o levará com segurança até o chão...

Muito mais do que para simplesmente cair, usamos nossos sesfreeflysenta segundos de queda para fazer explodir toda a adrenalina e emoção que guardamos nos momentos antecedentes ao salto, aproveitamos essa hora para compartilhar com nossos amigos a indescritível sensação de voar, usamos esse momento para extravasar nossa euforia, esquecer que nascemos só para andar e correr e assim, desafiamos os limites de nossa capacidade humana. 

Mas são só sessenta segundos de salto? Cronologicamente sim, mas infelizmente não podemos medir a intensidade do momento, não podemos demonstrar que esses segundos são na verdade imensuráveis, pois eles não ficam conosco somente na hora do salto, mas também durante os debriefings, durante nossas conversas, e, principalmente, durante os diversos momentos que temos ao sonhar sucessivamente com nosso feito, com nosso prazer de sermos skydivers.

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