domingo, 10 de fevereiro de 2008

A hora de ir

Após conseguir o visto a primeira pergunta que vem a mente é: “E agora?” Estou a anos me preparando para esse momento, foi pelo menos um ano de namoro, estudando e conhecendo o processo até o seu início. Uma vez iniciado, tive mais dezesseis meses de espera até receber a Grant Letter. Durante todo esse período você pensa em todas as possibilidades, opções, estratégias, etc. e parece que tudo isso simplesmente desaparece quando você vê seu passaporte, emitido especialmente para o processo, carimbado com o Class BN Subclass 136 Skilled – Independent visa.


Fudeu, agora não tem mais jeito, resta a você a opção de ir ou de ir. Não existe a possibilidade de desistência, você batalhou demais para chegar até aqui, e por mais que sua vida no Brasil esteja muito bem estruturada (o que é o meu caso), a vontade de mudança, de ser desafiado, de buscar algo completamente novo, fala bem mais alto.


Lá vai você então, simplesmente colocar todas as suas raízes de lado (família, amigos, carreira, modo de vida) e começar tudo do zero. Nessa hora é que você vê que a questão material não tem a menor influência na sua vida. Carro, apartamento, móveis, eletrodomésticos, nada disso importa, a única energia que você despende pensando nesses itens é definindo a melhor forma de se livrar deles. Já quando falamos de raízes a história é outra. Quando você pensa que estará longe de casa quando seu melhor amigo casar, que você não estará lá para ver sua cara de desespero, ou felicidade, na hora do “sim”. Quando você imagina que não terá mais os almoços aos domingos na casa da mamãe, almoços estes que você aproveita não necessariamente para “conversar” (isso podemos fazer por skype, messenger, emails), mas para “estar”, para ter contato, carinho, um abraço, um beijo. Quando sabe que não verá mais seus filhos brincando e crescendo junto dos seus “priminhos”... é nessa hora que a garganta aperta.


Tudo se trata de uma troca, no fundo você avalia o que você ganha e perde em uma situação como essa. O lado racional lhe dá milhões de motivos para ir, fugir da violência, corrupção, educar melhor seus filhos, qualidade de vida, etc. e praticamente nenhum para ficar. Assim, você logo vê que o conflito é quase que totalmente emocional, pois se trata da adrenalina e desejos pela ida contra as dores da partida. Mas, como disse antes, não há a opção de não ir e o lado emocional não tem como ser medido, não podemos colocá-lo na balança, somente temos que aceitar a realidade da partida. O futuro é incerto, mas não podemos nos arrepender por não fazer, e se ao chegar lá, encontrarmos uma realidade pior do que esperávamos, não tenho dúvidas que a opção da volta sempre estará presente, afinal suas raízes sempre existirão.

7 comentários:

Yuri Diogenes disse...

É isso aí grande Bindi, chegou a hora e pode ter certeza que está fazendo a coisa certa. Depois de 4 anos fora do BR vejo que aquela decisão arristada que fiz em 2003 foi a melhor coisa que fiz na minha vida.

Força e que Deus ilumine seus caminhos !!!

Abraços.

Unknown disse...

É cumpadi, chegou a hora mesmo. Sua família conhece bem a sua capacidade e tem certeza de que tudo vai dar certo no que depender de você. Esses primeiros posts falando das angústias serão bem lembrados quando todos estivermos lá comemorando no nosso primeiro churrasco de picanha de canguru! :)

Abraço,

Fabio Hemylio

Anônimo disse...

Ei, quanto à parte da cara de desespero do amigo..a gente filma e te manda,ta!? hehhehe...bjos

Luciana - Descobertas disse...

eu já te falei no msn, mas vou dizer de novo...muito massa tudo o que vc tá escrevendo é um momento bom para desabafar... vai dá tudo certo pq eu já disse isso várias vezes :"vc é o cara!!!"

Anônimo disse...

Grande Bindi,

Primeiramente parabéns pela atitude de coragem em escrever seu blog e obrigado por compartilhar conosco esse momento! Tenha certeza que será útil para muitas pessoas.

Não tenho dúvidas que essa Ida será um sucesso atrás do outro. Sou adepto dos desafios e entusiasta da vida "lá fora"!

Aproveite o momento e mande brasa, afinal, talento e competência você já provou ter de sobra!

E tenha certeza que quando há apoio total da Família, as energias se convergem a favor!

Abraços!!!!

Anônimo disse...

Oi Primo,
Tenha certeza que a decisao é a certa. Nao só pq vc vai poder dar uma melhor educacao para seus filhos, deixar a violencia e corrupcao para tras, mas pelo simples ato de mudar. Mudar tras crescimento, amadurecimento e faz a gente ver tudo com outros olhos. É incrivel como longe de tudo, as coisas se tornam mais simples. Aprendemos a ser praticos e criativos. Nao temos tempo para implicar com as coisas pequenas. POucas pessoas tem coragem de mudar. Acomodacao è a poir coisa que existe. Fica ,muita saudade , mas o retorno compensa! Boa sorte primo. Que Deus proteja a todos vcse seja mto feliz nessa nova fase. E quem sabe um dia eu te visito la com o Damien!!
Mega beijos para todos!
Lu

Maria Renata Rotta Furlanetti (Marie) disse...

Acho que é irrelevante julgar o que é mais certo, o q é melhor, haverão sempre dois lados neste mundo dual, o melhor é estar cosnciente dos seus propósitos e seguir para cumprí-los.
A questão num é o Brasil, nem o presidente, nem a população, nem só políticos, classe média ou miseráveis, nem 1o. ou 3o. mundo, somos nós! Isso tudo somos nós, criados por nós, eu, vc, o Paulo, as crianças, todos, nós. Por nossos desejos, nossas limitações, nossos condicionamentos, nossos "queros" e "não queros", apegos e aversões.
Construimos esse mundo para viver e muita vezes nosso mais desenvolvido intelecto não nos permitirá entender o porquê nem a melhor forma de viver nisso tudo, mas há algo dentro de nós que mesmo assim nos atrai para decisões, como vc foi atraído por ir, e eu por vir, etc, em busca de realizar nosso propósito maior, ou de pelo menos estarmos mais seguros para enfim poder percebê-lo melhor, e assim justificar para nossas mentes racionais e nosso ego sedento de satisfações, essa existência.
Boa jornada, minha mente vai continuar buscando respostas racionais para sua partida e meu ego querendo se convencer que ainda assim somos importantes pra vcs, mas meu coração acreditando na sua busca, porque enfim, somos todos Um.
Até mais.
Marie