quinta-feira, 1 de maio de 2008

Vale a pena?

Todos possuem sonhos, vontade de criar e concretizar algo na vida. Alguns têm sonhos mais concretos, de curto prazo e outros sonhos mais amplos para serem construídos durante a vida. Entendo que sonhos podem ser dos mais variados, desde os materiais como um carro, uma casa, um barco, como também podem ser não-materiais, o que inclui a realização profissional, constituição de família, escrever um livro, etc.

Desde que vim para cá, mais precisamente, assim que sentei no avião, ainda em Fortaleza, logo após de deixar as pessoas que mais amo na vida para trás, para que eu pudesse assim perseguir o meu sonho, me questionei: Vale a pena? Vale a pena perseguir um sonho longe das pessoas que você ama? Como será realizar um sonho sem poder compartilhar sua alegria com as pessoas que sempre estiveram ao seu lado, lhe suportando e dando condições para que você pudesse dar mais um passo na busca do que acredita? Será que, mesmo realizando esse sonho, vou me sentir completo quando chegar ao fim da estrada e carimbar “missão cumprida” naquele marco que você traçou para sua vida? Chorei baixinho...

Ainda no avião, na chegada aqui na Austrália, primeiro sobrevoando Sydney, logo em seguida Gold Coast e Brisbane, me encantei com o lugar. Realmente é bonito. A beleza não vem só da natureza ou da cidade. Não estou falando aqui apenas da beleza em aspectos físicos, mas também da sinergia do lugar. Brisbane é uma cidade com dois milhões de habitantes que possui bairros bem próximos ao centro que lhe dão a impressão de estar em uma cidade de cem mil. Aqui as coisas fluem como deveriam, as pessoas são educadas, solicitas e honestas. Todos têm sucesso e estão felizes com a vida que tem. A sensação de segurança é incrível, assim como também a praticidade da vida, a organização e liberdade. Mesmo com tudo isso, ainda falta alguma coisa.

Não se esse sentimento vem do fato de não estar morando no meu lugar, de não ter uma rotina, de não estar trabalhando ou, principalmente, de não estar junto da minha família. Não sei se é o fato de andar na rua e só ver gente estranha, ou se o fato de não estar adaptado ao lugar, as pessoas e ao modo de vida.

O fato de estar expondo esse pensamento não quer dizer que eu não esteja gostando ou desistindo do que estou perseguindo, ou que eu vá voltar para o Brasil. A questão aqui não é essa. Estou apenas tentando demonstrar o tipo de sentimento que temos ao nos deparar como a partida, ao romper os laços com boa parte das coisas que nos constituem, que nos fazem ser o que somos. Voltar ao Brasil ou não, não significa que você teve sucesso ou fracasso na busca pelo seu sonho, mas sim que você, antes de mais dada, buscou a concretização da sua identidade.

5 comentários:

Unknown disse...

Cara, as pessoas que você ama e que deixou pra trás sofreram sim com a sua partida, mas acima disso elas querem muito mais é que você seja feliz e que realize seus sonhos, estejam eles onde estiverem, se aqui no Brasil ou no outro lado do mundo na Austrália. Pra nós que temos uma identidade já formada no Brasil seremos os eternos gringos na AUS, mas a realização pessoal e profissional, qualidade de vida e segurança fazem valer a pena. Sei que é complicado, mas não imagino o quanto, ficar tão longe da família no início, mas lembre que é pela sua família e pelos seus filhos você quer um futuro melhor. Abraço.

MANSUR disse...

Fala Bindi! Nao sou muito de deixar comentários, mas queria dizer que sempre leio seu blog e que este sentimento é apenas o de adaptação e rompimento de algumas raízes aqui do Brasil.
Em 1998 eu assisti minha primeira palestra de certificação. Eu estava fazendo um mês em meu primeiro emprego de carteira assinada no dia da palestra. Na época não havia cursos oficiais em Belém e no final da palestra eu cheguei pro meu chefe e pedi demissão. Lembro de dizer que a palestra havia sido apenas a explicação de tudo o que eu queria no mundo da informática. Descobri que eu queria ser um profissional super certificado, conhecer a sede da Microsoft, visitar outros países e trabalhar em uma multi-nacional. O problema disso foi que em 2004 eu havia realizado tudo isso. E você entra na estória justamente com o convite para eu sair de Belém. Lembro de dizer à minha esposa que a mudança de Belém seria apenas uma escala para uma viagem maior. Aqui passamos por algo similar, mas em uma menor escala (óbvias).
Continue sonhando. Isso nos mantém vivos.
E o principal, continue com foco. Isso nos mantém sob controle.
Sucesso sempre.

Unknown disse...

Bindi,
Mandei uma msg antes de sua partida.... nao sei se chegou... mas vc deve imaginar quais foram as palavras de apoio e o agradecimento por tudo.

Comungo algumas idéias com o Mansur, sobre a leitura do blog, sobre o crescimento profissional e pessoal que voce proporcionou a todos.

Estive numa palestra esta semana e ouvi uma frase ..."Pedras no caminho? Guardo todas um dia vou construir um castelo."

Nesta nova fase de entusiasmo, expectativas, determinação e claro, muita saudade dos entes queridos que vc esta pasando, acho a frase extremamente adequada

Um abraco.

Yuri Diogenes disse...

Grande Bindi.

Primeiramente parabéns por alcançar um passo importantíssimo para realização do seu sonho. Estive na sua pele quando cheguei aqui em Dallas em 2003 e sei o quanto é deprimente no início. Porém, com o tempo você vai notar que não só valeu a pena como na realidade foi o passo mais acertado da sua vida.

Continue sua caminhada e que Deus te acompanhe !!!

Mariangela Bindi disse...

Meu filho,siga seu sonho.
Você sabe, já mudamos de cidade, já nos afastamos dos familiares e dos amigos, embora menos distante essa nossa mudança também exigiu adaptação. Quanto mais jovem, mais fácil. Na época você tinha 13 anos e penso que nem se lembra muito da saudade que sentiu. Eu, chorei por mais de um ano.
Hoje, você deve se focar no seu núcleo familiar, seus filhos ainda precisam da SUA proteção, da SUA educação, dos SEUS cuidados, do SEU carinho, e principalmete do SEU exemplo.
Sua outra família, a que ficou, com certeza partilhará com você todos os seus sucessos, mesmo à distância.E nos sentiremos realizados com suas realizações, felizes com sua felicidade, alegres com sua alegria.
Te amamos muito.
E não se esqueça que vocÊ é um menino(quiz dizer homem) de ouro.